quarta-feira, 13 de maio de 2009

E em Santa-Catarina nada acontece...nada!

Hoje dia 13 de Maio de 2009, dia de Nossa senhora de Fátima, há festa rija em Santa Catarina. Comemora-se também o oitavo aniversário da elevação da Vila de Assomada à categoria de Cidade.

Lembro-me de ainda criança, mesmo assim um apaixonado pelos debates no Parlamento cabo-verdiano, dizia, lembro-me do único Deputado do PAICV eleito pelo Círculo eleitoral de Santa-Catarina na década de 90, o Dr. José Maria Neves , num total de sete mandatos atribuidos ao Concelho propôr ao Parlamento a elevação da vila de Assomada à categoria de cidade. José Maria Neves argumentara que a vila de Assomada já reunia as condições para ser uma Cidade no contexto cabo-verdiano e que tal graduação era um elemento indutor do desenvolvimento do Concelho, e pedira aos outros seis homólogos do MPD o apoio e o voto deles para levar avante o referido projecto, também um anseio dos Santa-Catarinenses.

Na altura o Deputado do MPD André Afonso, eleito pelo mesmo Círculo dissera ao actual Primeiro Ministro que era preferível ele cantar aquela música de Roberto Carlos que diz " estou sozinho" porque eles deputados do MPD não estavam com ele e por conseguinte não votavam com ele.
José Maria Neves retorquira que prefreria cantar a música de Kaká Barbosa que diz " Santa katrina kem ki dábu es kastigu", o castigo de ter deputados como o André Afonso.
Assomada só foi elevado à categoria de Cidade quando José Maria Neves que "Por Amor a Santa-Catarina" fora eleito Presidente da Câmara Municipal de Santa Catarina em 2000, chegou a Primeiro Ministro de Cabo-Verde em 2001 " Por Amor à Terra", exprimindo o amor a Santa Catarina no amor a Cabo-Verde.
Volvido quase um ano da tomada de posse da actual equipa de Francisco Tavares, em Santa-Catarina nada acontece. Continua a mesma vidinha política de sempre, com as mesmas questiúnculas e politiquices.
Temos um Presidente de Câmara que deslumbrado pelo facto de ter vencido as eleições em terras de Zé Maria outra coisa não faz do que alimentar polémicas com o Governo tentando passar a ideia de que o Governo não faz nada para Santa-Catarina.
O mais gritante é a falta de visão estratégica para o Concelho. Que Santa Catarina para daqui a 10 ou 20 anos? A actual equipa camarária não tem resposta a essa questão. Faz-se o empedramento de uma estrada aqui, a abertura de um caminho acolá, engana-se umas pessoas com umas pequenas ofertas e lá se vai caminhando para o fim do mandato.
Passa-se um mandato inteiro com discursos de corrupção praticada pela anterior equipa, pelo discurso do cofre vazio etc.
O ponto alto de todos os mandatos são as festas de Nha Santa Katrina no dia 25 de Novembro e de Nossa Senhora de Fátima no dia 13 de Maio. Nesses dias fazem-se festas de arromba, com gasto de milhares de contos. Eu acho justo que se deva comemorar a Santa Padoreira e o dia da Cidade com pompa e circunstância, até porque 25 de Novembro é dia do meu aniversário. Mas é preciso apresentar muito mais.
No texto que escrevi em Março de 2008, antes das últimas eleições autárquicas eu defendi que Santa Catarina precisava de um grande Líder, uma pessoa que fosse capaz de defender os interesses do Concelho com garra e competência. Não me parece ser o caso do actual Edil, uma pessoa que já provou ter um verbo muito fraco tanto em termos de conteúdo e pior ainda em termos de dicção.
O caso de Santa-Catarina é apenas um exemplo da pobreza que temos em Cabo-Verde em termos de Poder Local. Creio que existem equipas fraquíssimas a nível local, um terreno propenso à multiplicação de casos de corrupção e favorecimentos, mormente em assuntos de empreitadas de obras e venda de terrenos.
Santa Catarina, um dos Concelhos com mais potencialidades em Cabo-verde, merece muito mais.

Santa Catarina, e agora?

O texto seguinte foi escrito antes da eleições autárquicas de 2008 e tinha como objectivo analisar o contexto das eleições autárquicas em Santa catarina. Hoje, dia 13 de Maio de 2009 faz 8 anos que Assomada foi elevada à categoria de cidade e pelo facto de considerarmos que muitos aspectos desse texto ainda continuam actuais decidimos publicá-lo de novo e destas feita no blogue que foi criado posteriormente à publicação do referido texto no jornal asemana.plub.cv em Março de 2008.


Desde tenra idade, andava eu na Escola Primária, comecei a interessar-me por questões políticas e a estar atento aos debates que se faziam em Santa – Catarina. Problemas como o abastecimento de água, o saneamento, a energia eléctrica, as estradas de penetração entre outros estavam na ordem do dia.
Depois, cresci e fiz o Ciclo Preparatório e em seguida o Liceu a ouvir as mesmas discussões, os mesmos problemas. Mudaram-se as equipas e os actores, mudaram-se os tempos e as vontades, mas os problemas continuaram teimosamente a existir.
As Pessoas começaram a ficar pessimistas a não confiarem nos seus líderes e tinha-se instalado a ideia de que era mais fácil um Camelo passar pelo buraco de uma agulha do que Santa Catarina sair do marasmo em que se encontrava.

Hoje, estou em Portugal a prosseguir os meus estudos e o que ouço e leio na comunicação social é que já se começaram a construir estradas de penetração de terceira geração para ligar as diversas localidades, um sonho há muito acalentado; o abastecimento de água e a energia eléctrica chegaram às zonas mais recônditas, nunca dantes imaginada; os Paços do Concelho são uma realidade, edifício imponente e funcional, fruto de um casamento feliz entre a tradição e a modernidade; Jardins Infantis e Unidades Sanitárias de Base foram edificados em várias localidades; os jovens estão a apostar na formação profissional, na sua valorização e qualificação, de modo a enfrentarem com sucesso o mercado de trabalho cada vez mais competitivo; o Liceu Amílcar Cabral, o maior de Cabo-Verde, está remodelado e equipado com novas tecnologias de informação. O Hospital Regional de Santiago Norte, o maior e o mais moderno de Cabo-Verde, foi inaugurado recentemente na Localidade de Cruz Grande. Estão à vista um Estádio de Futebol novo e relvado – veremos se é desta que conseguimos ter uma equipa de futebol na primeira divisão – e mais dois Liceus, um em Achada Lém e outro em Chão de Tanque. Até as chuvas decidiram visitar-nos com mais frequência e os resultados da agricultura tem sido satisfatórios.

O Governo e a Câmara Municipal estão a trabalhar e desejamos que continuem a trabalhar de forma cordial. A Assembleia Municipal tem cumprido o seu papel. Os Presidentes da Câmara e da Assembleia Municipais deixaram de protagonizar guerras sem tréguas e lavagem de roupa suja na Praça Pública. Nunca mais se viu um grupo de amigos a deixar o Senhor Presidente da Câmara, em sua residência, a cair de bêbedo. Já não se fala de instabilidade política, usurpação de competências, abusos de Poder que tanto mal causou noutros tempos.

Entretanto, vou de férias e vejo, claramente visto, que o Concelho está a crescer e a desenvolver-se. A Vila de Assomada crescera e tornara-se Cidade de Assomada. Fico feliz, mas insatisfeito, porque vejo que ainda há muito por fazer. Os problemas ainda são muitos e os desafios são enormes. Os meus colegas vão de férias e dizem a mesma coisa. Os Santa Catarinenses estão insatisfeitos e exigem muito mais. Todos nós devemos exigir mais e melhor. Há progressos! Porém, insuficiente para um Concelho com as ambições e as potencialidades de Santa Catarina, que pode, sem pestanejar, almejar a ser a Capital e o Centro das Actividades Económicas do Interior da Ilha de Santiago.
Pessoalmente, considero que o Edil Cessante, o Engenheiro João Baptista Freire, e a sua equipa fizeram dois bons mandatos. João Baptista – que antes de o galo cantar já tinha sido negado três vezes pelos Camaradas – é Engenheiro Agrónomo de Profissão, considerado um Técnico competente, um dos melhores na sua especialidade em Cabo-Verde. Um profissional indefesso, um Homem de terreno, sério, honesto e possuidor de um coração do tamanho do Mundo. Um Ser Humano que à semelhança de todos os outros tem os seus defeitos e o seu maior defeito, se calhar, foi não ter sido capaz de cuidar da parte politica do seu trabalho, enquanto Presidente da Câmara Municipal de Santa Catarina. Como Munícipe aproveito para agradecer-lhe o trabalho feito em prol do desenvolvimento do Concelho e desejar-lhe as maiores felicidades e os maiores sucessos nos próximos desafios.


Santa – Catarina tem tudo para ter tudo

Temos Mulheres e Homens de valor, desde o mais humilde Camponês ao mais distinto Engenheiro, que trabalham diariamente de forma abnegada para realizarem os seus sonhos, porque acreditam nos seus sonhos e crêem que os sonhos podem se cumprir e não apodrecer na cabeça dos seus sonhadores. Temos uma intensa actividade comercial, principalmente comércio a retalho. O “Pelourinho” de Assomada é um dos mercados mais movimentados de Cabo-Verde para onde confluem pessoas de todos os Pontos da Ilha de Santiago às Quartas e Sábados, os tais “Dias de Feira”. Temos vales, montanhas e costas de rara beleza natural. Uma das grandes riquezas de Santa Catarina é a sua cultura traduzida na sua música, no artesanato e no poder criativo dos seus artistas.

Santa – Catarina é um dos Concelhos com maiores potencialidades económicas em Cabo-Verde. É preciso mobilizar grandes Investimentos Públicos e mormente Privados para o Concelho. Atrair pequenas, médias e grandes Empresas geradoras de emprego. Se a grande aposta de Cabo-verde é o Turismo, em Santa Catarina também deve-se começar a transformar as vantagens comparativas em termos de turismo em vantagens competitivas e desenvolver as actividades conexas. Promover actividades culturais, como festivais de música, teatro, danças, poesias, e grandes eventos desportivos de modo a atrair pessoas de outras paragens para o Concelho. Construir Centros de Conferências e Congressos com o fito de atrair grandes eventos. Já é tempo de Santa – Catarina ter um grande Centro de Documentação e uma Biblioteca Municipal digna desse nome e que condiz com a sua grandeza e uma grande Sala de Cinema.
Lembro-me de que na minha infância eu ia à Vila de Assomada “fazi mandadu” e via filas intermináveis de pessoas à porta do Cinema à procura de bilhetes para os grandes cartazes da época ou para revenda no “ mercado negro”.
E porque não um Campus Universitário situado em Achada Falcão? Decerto criava uma dinâmica forte de desenvolvimento para aquela área, à volta da actividade académica. Um Pavilhão desportivo moderno e totalmente coberto é também uma necessidade e um sonho antigo dos jovens de Santa – Catarina.

Santa – Catarina tem tudo para ter tudo. O desenvolvimento tem de ser económico, social, cultural, mas com qualidade ambiental.

Todavia, a Cidade de Assomada precisa ganhar mais vida e para isso é imperioso promover e apoiar diversas actividades capazes de dinamizar a vida social e cultural da Cidade. Algures, alguém disse-me, com algum exagero, que a Cidade de Assomada parecia um autêntico “Cemitério de Pessoas vivas”.
Enfim, é necessário criar uma dinâmica forte de desenvolvimento, gerar mais riqueza de forma a criar mais emprego e reduzir a pobreza e melhorar a qualidade de vida.


Um Bom Político ou um Bom Técnico para Presidente da Câmara?

As próximas Eleições Autárquicas estão marcadas para o dia 18 de Maio do corrente Ano. É a quinta vez que os Cabo-verdianos vão às urnas para escolher quem é Governo nos diferentes Municípios do País. Podemos então afirmar sem titubear, que o Poder Local é um ganho e uma realidade incontornável em Cabo-Verde.

Desejamos que haja um intenso e profícuo debate político em torno das ideias e projectos que as diferentes equipas apresentam para ganhar a confiança do eleitorado local.

A Politica é nobre e estimulante quando se discutem ideias e se confrontam diferentes visões sobre qual é a melhor estratégia de resolver os problemas. Os Políticos tornam-se repugnantes se em vez de discutirem ideias e confrontarem projectos se dispõe a discutir questões pessoais e a lavar roupa suja na Praça Pública. Já dizia o outro que “ a Politica é nobre. Aqueles que a fazem a conspurcam”.

O Politico é Líder de equipa, coordenador do projecto, sócio orientador, facilitador, ou moderador. O Técnico é um especialista, uma pessoa que possui habilidades e competências em áreas específicas. Especialista é aquele que sabe cada vez mais sobre cada vez menos. Um bom Líder consegue mobilizar vontades, unir e motivar as pessoas em torno de um objectivo partilhado. Um bom Politico é aquele que é um bom comunicador que tem uma boa visão estratégica e é capaz de ver as coisas no seu todo.

Um bom técnico é um profissional e como tal passível de ser contratado para prestar serviços nos quais é especialista. As Câmaras Municipais possuem Departamentos Técnicos com Pessoal habilitado para conceber e implementar Projectos ou pode sub – contratar serviços quando se trata de Projectos de maior envergadura.

O confronto entre o Técnico e o Politico mostra que o Técnico deve ser profissional enquanto que o Politico não deve ser profissional.

Como é sabido o Cargo de Presidente da Câmara Municipal é Político e não Técnico. E para o exercício de Cargos Políticos devem ser escolhidos os Políticos e não os Técnicos.
Sendo assim, a meu ver, a ter de escolher entre um bom Politico e um bom Técnico escolheria aquele em detrimento deste para o cargo de Presidente da Câmara Municipal. Um bom Presidente de Câmara é antes de mais um bom Politico. Se na minha bolsa de escolha tivesse um Candidato que, simultaneamente, reunia as qualidades de Bom Político e Bom Técnico, essa seria a minha escolha dominante.

O PAICV e o MPD, os dois maiores Partidos, escolheram os seus Cabeças de Lista à Câmara Municipal de Santa Catarina, quais sejam, Alcídio Tavares e Francisco Tavares respectivamente. Esperemos para ver as equipas que cada um apresenta.

Francisco Tavares foi Presidente do Instituto Nacional de Estatística (INE) durante vários anos. É-lhe reconhecido competência técnica e é consensual que foi um excelente Presidente do INE. Fez um Curso Médio de Estatística em Dakar no Senegal e é um Técnico de Estatística. Mas na Política é um ilustre desconhecido, uma incógnita, embora tenha sido Deputado da Nação na década de 90.

Alcídio Tavares foi Presidente da Câmara Municipal do Concelho do Paul, na Ilha de Santo Antão. Candidato apoiado pelo PAICV fez dois mandatos durante a década de 90, com provas dadas, numa Ilha que na época era avessa ao PAICV e onde o MPD arrasava tudo e todos que nem um Tsunami. Um Jovem dos Engenhos quem em plena década de 90 e apoiado pelo PAICV consegue duas vitórias consecutivas num Município da Ilha de Santo Antão, e ainda por cima no Paul, só pode ser alguém brilhante e a seguir com muita atenção nos próximos tempos. É actualmente equiparado a Vice – Presidente da Câmara Municipal da Praia.

Na verdade, Alcídio Tavares fez uma formação de Autarca no Prestigiado Centro de Estudos e Formação Autárquica de Coimbra (CEFA), em Portugal. É inquestionavelmente um dos melhores Autarcas de Cabo-Verde, com larga experiência a nível autárquico e um grande comunicador.

Diz-se que Nha Santa Katrina é uma das mães cabo-verdianas que dá à luz os melhores Técnicos, Intelectuais, Políticos e Artistas de Cabo-Verde.
Não obstante, o grande problema de Santa Catarina ao longo dos tempos é não ter tido à frente dos destinos do Concelho um verdadeiro Líder, alguém que tenha voz, e que esteja à altura da grandeza do Concelho e das ambições das suas Gentes. Um Líder de grande craveira política, com visão estratégica capaz de mobilizar todas as forças e vontades que o Concelho possui e, deste modo, lançar de uma vez por todas o Concelho rumo ao Progresso.

É meu desejo que o grande Vencedor do Pleito Eleitoral do dia 18 de Maio seja Santa – Catarina.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Bolg Joint: A oficialização do crioulo

Não sei o que escrever acerca do crioulo. Sei que sou a favor da oficialização do crioulo, mas também não sei porquê. Disseram que era para valorizar a língua materna. Acho bem que se valorize a língua materna. Disseram também que o ensino do crioulo facilita a aprendizagem das outras línguas como o português e o inglês. Parece verdade, que só se pode aprender uma outra língua que não a materna tendo como base a língua materna. Deve ser por isso que nos EUA, os filhos dos emigrantes cabo-verdianos aprendem o crioulo na escola que lhes permite ter uma língua base para aprender o inglês ou outra língua qualquer. Ou como diria um intelectual da nossa Praça "a vida em cabo-verde decorre em crioulo" e portanto só por isso já se justifica a sua oficialização.


Não obstante a minha total ignorância sobre a matéria em análise eu gostaria de frisar alguns pontos com os quais não concordo e que são objectos de discussões diversas. Por exemplo, qual é o crioulo que deve ser adoptado como crioulo padrão? O crioulo do sul representado pelo crioulo de Santiago ou o crioulo do Norte representado pelo crioulo de São Vicente? Aqui independentemente da vertente que vier a ser adoptada é claro que todas as variantes vão se manter. Assim como temos um Português padrão e as suas variantes é assim também que vamos ter um crioulo padrão e as suas variantes. Todos vão continuar a falar como falavam antes da oficialização da língua.


Todos os cabo-verdianos de todas as ilhas comunicam-se e entendem-se perfeitamente. Por isso, eu não percebo porquê anta celeuma quando se fala da oficialização do crioulo.


Então oficializemos a língua cabo-verdiana que é património de todos os cabo-verdianos e não de nenhuma ilha em particular ou de algum Ministro. Não vejo desvantagens na oficialização do crioulo.


Contudo, na era da Globalização em que Cabo-verde procura a sua inserção dinâmica na economia mundial, com o estatuto especial da União Europeia, com a entrada na Organização Mundial do Comércio convém reforçar também o ensino de outras línguas nomeadamente o inglêS e o Espanhol.

Eu propunha que a par da oficialização da língua cabo-verdiana se tomassem medidas no sentido de atracção de Institutos de línguas estrangeiras para o nosso país.