quarta-feira, 6 de maio de 2009

Bolg Joint: A oficialização do crioulo

Não sei o que escrever acerca do crioulo. Sei que sou a favor da oficialização do crioulo, mas também não sei porquê. Disseram que era para valorizar a língua materna. Acho bem que se valorize a língua materna. Disseram também que o ensino do crioulo facilita a aprendizagem das outras línguas como o português e o inglês. Parece verdade, que só se pode aprender uma outra língua que não a materna tendo como base a língua materna. Deve ser por isso que nos EUA, os filhos dos emigrantes cabo-verdianos aprendem o crioulo na escola que lhes permite ter uma língua base para aprender o inglês ou outra língua qualquer. Ou como diria um intelectual da nossa Praça "a vida em cabo-verde decorre em crioulo" e portanto só por isso já se justifica a sua oficialização.


Não obstante a minha total ignorância sobre a matéria em análise eu gostaria de frisar alguns pontos com os quais não concordo e que são objectos de discussões diversas. Por exemplo, qual é o crioulo que deve ser adoptado como crioulo padrão? O crioulo do sul representado pelo crioulo de Santiago ou o crioulo do Norte representado pelo crioulo de São Vicente? Aqui independentemente da vertente que vier a ser adoptada é claro que todas as variantes vão se manter. Assim como temos um Português padrão e as suas variantes é assim também que vamos ter um crioulo padrão e as suas variantes. Todos vão continuar a falar como falavam antes da oficialização da língua.


Todos os cabo-verdianos de todas as ilhas comunicam-se e entendem-se perfeitamente. Por isso, eu não percebo porquê anta celeuma quando se fala da oficialização do crioulo.


Então oficializemos a língua cabo-verdiana que é património de todos os cabo-verdianos e não de nenhuma ilha em particular ou de algum Ministro. Não vejo desvantagens na oficialização do crioulo.


Contudo, na era da Globalização em que Cabo-verde procura a sua inserção dinâmica na economia mundial, com o estatuto especial da União Europeia, com a entrada na Organização Mundial do Comércio convém reforçar também o ensino de outras línguas nomeadamente o inglêS e o Espanhol.

Eu propunha que a par da oficialização da língua cabo-verdiana se tomassem medidas no sentido de atracção de Institutos de línguas estrangeiras para o nosso país.

3 comentários:

Anónimo disse...

Já que me parece ser uma pessoa neutra e com alguma abertura de espírito, pode ler mais no blog www.kauverdianu.blogspot.com.

Redy Wilson Lima disse...

E tu estás a cair no mesmo erro. As 9 variantes do crioulo vão-se manter porque a padronização é na escrita (ou pode-se sair mais tarde 2 crioulos escritos - sul e norte) e não na oralidade. Em Portugal, existe um português padrão na escrita, mas o português falado varia consoante a região.
O problema é que muitos estão a falar sem perceber o que realmente está em jogo e os que são contra não ajudam, na medida em que andam a confundir o resto.

Leta disse...

Oh Zézinho, o que percebi da falsa celeuma, em torno da oficialização do que é a nossa lingua crioula, é a sua padronização e adopção do alfabeto. Não se trata de sobreposição de nenhuma variante sobre a outra, e vice-versa, e nem podia ser, pois a riqueza da nossa língua umbical, é a sua diversidade linguística, quer a falada a nível de cada ilha e região, quer a mantida e falada nas nossas comunidades na diáspora. Além da que está agora a ser utilizada pelos jovens nas suas comunicações digitais. Interessante, muito interessante!

Lembrei-me agora a este propósito que por exemplo a palavra lusa "sol" é assim grafada assim, mas o brasileiro diz "sou", que a palavra "vamos" diz-se no norte de Portugal, v.g. Viseu e Porto, "Biseu", mas a grafia padronizada é sempre a mesma, ou não?

Mas isto, é como dizia a outra, "Coimbra" com "u" ou "o", ou escrito "Kuimbra", é sempre Coimbra! Importante mesmo que a língua, a nossa, e as outras, permitam-nos comunicar, entender, e dialogar. Penso eu.

É por isso que a nossa , para continuar viva, vigorosa, e enquanto elo de união de um povo, e um marco da sua identidadedeve ser falada, escrita, divulgada, aberta às novas tecnologias de informação, and so on.

Fika dretu que pode ser lido ficá dret, tanto faz, o importante mesmo, para mim, que fiques bem.

Beijinhos

Helena Fontes