Nos últimos anos, muito se tem falado sobre a segurança e a insegurança em Cabo-Verde.
Cabo-Verde é ou não é um País inseguro? A meu ver, não é um País inseguro. Um País com estabilidade política, social e económica, não pode ser rotulado de País inseguro.
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
A insegurança em Cabo-verde. Pistas para reflexão
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
A valorização da classe política cabo-verdiana
No sector privado, nas empresas que são geridas de acordo com critérios de gestão empresarial promove-se o mérito e privilegia-se a competência. São organizações viradas para os resultados que procuram a maximização do lucro e por isso promovem a excelência.
Em Cabo-verde o sector privado está a densificar-se a olhos vistos e já praticam salários competitivos. O Jovens qualificados cada vez mais optam pela iniciativa privada e a criam os seus próprios negócios. Isto é, o Estado está a deixar de ser o grande empregador . Este facto até é salutar para a Democracia. Como questionava Milton Friedman “ Pode uma nação verdadeiramente ter liberdade política quando a imprensa escrita pertence ao Estado e os trabalhadores são funcionários do Governo?”
O sector privado está a surgir como o grande concorrente do Estado no recrutamento de quadros.
Se o Estado não criar incentivos com vista á atracção de quadros, se não fôr competitivo neste sentido, não tarda na função pública só vamos ter pessoas que não conseguem encontrar emprego em lado nenhum.
Mas neste particular penso principalmente na classe política, no Presidente da República, no Primeiro Ministro, nos membros do Governo, Deputados e Autarcas, esta classe de dirigentes que lidam com a coisa pública e cujo sucesso no desempenho das suas funçoes está altamente correlacionado com o sucesso das familias, das empresas, dos bancos e da sociedade em geral.
Parece-me evidente que os Políticos ganham mal em Cabo-Verde. Pagar salários mais altos aos Políticos ajuda a valorizar a classe política e contribuir também para a diminuição da corrupção.
Os Partidos Políticos com assento Parlamentar deviam trabalhar no sentido de obter um consenso nesta matéria deixando de lado discursos demagógicos.
Uma questão impõe-se: é aceitável que o Presidente de um Instituto Público tenha um salário três ou quatro vezes superior ao salário do mais alto Magistrado da Nação ou do Primeiro Ministro? Qual deles desempenha cargo de maior responsabilidade?
A este propósito lembro-me , em Portugal , de um Direrctor Geral das Contribuições e Impostos (DGCI), pelos vistos competentíssimo e que fez um trabalho notável á frente da DGCI e que auferia um salário que rondava os 26 mil euros, quando o Primeiro Ministro recebia á volta de 7 mil euros. Esse facto gerou alguma conversa e o salário do tal Director foi substancialmente reduzido, apesar de todos reconhecerem a sua competência e o seu mérito.
Não é minha intenção pôr em causa o salário que cada um aufere. Como economista sei que estudos científicos mostram que as variáveis determinantes do salário são o nível de escolaridade, a habilidade do trabalhador e a experiência. E deve-se estar ciente que a experiência com o tempo torna-se obsoleta. Cada um deve ganhar aquilo que merece ganhar.
A meu ver é preciso bom senso nesta matéria. Não é aceitável que o Presidente da República e o Primeiro Ministro tenham um salário inferioir a 200 mil escudos cabo-verdianos e o mesmo Presidente da República e Chefe de Governo tenham subordinados que auferem um salário de mais de 500 mil escudos cabo-verdianos.
Pode-se sempre invocar o argumento de serviço público, de entrega á causa pública entre outros argumentos. Mas não é todos os dias que alguém está disposto a fazer sacrifícios pessoais e familiares para se disponibilizar ao serviço Público se para tal não tiver incentivos que o justificam.
A meu ver, as melhores cabeças é que devem governar o País. Sem uma governação responsável e competente e sem uma classe dirigente com visão nenhum País vai a lado nenhum.
Notas sobre o caso Freeport. E se fosse em Cabo-Verde?
É um caso por si só delicado, não envolvesse o Chefe do Governo de Portugal, uma das mais altas figuras do Estado. O assunto gerou muita celeuma nos últimos dias com comentadores, jornalistas, analistas políticos a esgrimirem argumentos.
O próprio Primeiro Ministro José Sócrates convocou a imprensa para dizer que se trata de mais uma campanha negra com o intuito de o destruir politicamente.
Não é objectivo destas linhas opinar sobre se alguém recebeu ou não luvas, se houve favorecimentos ou não. O que motivou este texto é a postura dos Partidos da Oposição em Portugal relativamente a este caso. Simplesmente notável e de uma grande responsabilidade e sentido de Estado.
Foi então que dei comigo a pensar: e se fosse em Cabo-Verde? E veio-me á memória a recente gritaria que se fez em relação ao caso Sociedade Lusa de Negócios e o tratamento de lixo tóxico.
Portugal nem é o melhor exemplo nestas matérias. Mas em relação a este caso em concreto o posicionamento dos Partidos da oposição em Portugal devia servir de exemplo aos políticos cabo-verdianos.
De uma vez por todas é preciso pôr termo a uma determinada forma de fazer política em cabo-verde e dizer que na Democracia cabo-verdiana não há lugar para politiqueiros.
Devemos começar a valorizar os nossos políticos, não fossem eles um dos actores mais importantes no sucesso de qualquer País e Cabo-Verde não foge á regra. Não devemos ter sempre uma atitude de desconfiança e de diabolização da classe política.
Até porque apesar dos pesares, desde 1975 a esta parte os políticos cabo-verdianos merecem nota altamente positiva.
Em Cabo-Verde tudo o que é politico ou á política está relacionada é alvo de desconfiança, de difamação de linchamento público.
A classe política deve dar o exemplo através da elevação do discurso politico e de outra forma de estar na Política. A sociedade deve valorizar os seus dirigentes, respeitá-los e exigir deles mais responsabilidades na condução dos assuntos do Estado.
Cabe aos Jovens e á nova classe de dirigentes Politicos que está a germinar em Cabo-Verde contribuir de forma decisiva para uma nova forma de fazer política e para a consolidação da Democracia.
Criação de emprego ou salário mínimo? Qual é a prioridade?
Nenhum investidor arrisca a investir num País que não tem défice orçamental controlado, dívida pública e inflação controladas, isto é, que não tenha os fundamentais da economia estáveis.
É preferível que o Estado implemente outras medidas de carácter social relacionadas com o abono de família e pensões sociais em vez de enveredar pela fixação de um salário mínimo.
Vamos supôr que se estipule um salário mínimo em Cabo-Verde entre os 15 e os 20 mil escudos. Parece evidente que muitas donas de casa iam preferir dispensar os serviços das empregadas domésticas a pagar esse montante. Da mesma forma muitas pequenas e médias empresas optavam por despedimentos de trabalhadores pouco qualificados e pouco produtivos que neste momento auferem um salário inferior.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Cara (o) Visitante,
Em primeiro lugar queríamos agradecer a sua visita.
Cabo-Verde vive um momento especial da sua história em que as coisas vão acontecendo a um ritmo acelerado. Verificámos grandes transformações a nível económico, político, social e cultural. A nível mundial as mudanças acontecem à velocidade do som.
Estamos numa época em que grandes oportunidades se abrem aos cabo-verdianos, mas também grandes desafios, o que exige que todos, sem excepção, reflictam sobre os prós e contras daquilo que vai acontecendo nas Ilhas que todos nós amamos.
Parece consensual que o turismo é a nossa galinha de ovos de ouro, o nosso petróleo como disse o nosso Primeiro Ministro. Portanto é preciso investir forte na nossa galinha para que possa produzir ouro em abundância. Mas também é preciso criar as condições para termos uma economia diversificada e não alicerçada apenas no turismo. Preocupa-me muito se os grandes investimentos que vão sendo feitos em Cabo-Verde são acompanhados dos indispensáveis estudos de impacto ambiental.
Cabo-verde que é um País de emigração deve ser um País aberto ao mundo. Devemos acarinhar todos aqueles que escolhem o nosso País para viver, trabalhar ou passar as suas férias. E como quando abrimos as portas e janelas entram coisas boas e coisas más devemos estar atentos. Neste particular penso no tráfico de droga, esse grande mal que se não tiver o devido combate pode apodrecer a nossa sociedade.
Um País como o nosso que ainda não consegue gerar poupanças suficientes para investir deve recorrer a poupanças externas para financiar o seu crescimento. Temos que ser competitivos para atrair mais investimentos externos. O Cabo-verdianos devem aproveitar a dinâmica dos investimentos externos e crescer. O sector privado deve ser o motor de crescimento da economia. Necessitamos de uma classe média forte e com poder económico. Nenhum País até hoje conseguiu desenvolver-se sem uma classe média forte.
Temos que aumentar a nossa produtividade e temos que ser mais competitivos. Temos que trabalhar mais e aumentar a nossa poupança. Temos que investir mais e criar mais emprego. O Estado deve investir fortemente na qualificação dos cabo-verdianos para que estes possam ser competitivos no mercado de trabalho.
É urgente a emergência de uma classe política, empresarial e intelectual que esteja á altura dos grandes desafios que se nos colocam. Lideranças políticas que elegem a realização do bem comum como a razão da sua existência; uma classe empresarial forte que cria riqueza e emprego e que tenha responsabilidade social; uma classe intelectual que ajuda na formação de novas ideias e contribua para mais sociedade civil em Cabo-verde. Note que em Cabo-Verde há um domínio total do espaço de construção de ideias e opiniões por parte dos políticos e dos Partidos que os sustentam. Urge portanto o aparecimento de uma classe intelectual com pensamento estribado em critérios científicos e livre das influências e interesses de determinadas classes político-partidárias.
Este espaço destina-se a partilhar as nossas ideias sobre a realidade Económica, Política e Social de Cabo-Verde, mas também Mundial. Pretende ser um espaço de reflexão e diálogo. Contamos com a sua participação através de comentários ou outras formas que se mostrarem pertinentes.
Com humildade e respeito pela opinião dos outros esperamos poder contribuir para o debate de ideias e para um Cabo-Verde melhor.
Obrigado pela sua visita.