terça-feira, 7 de julho de 2009

Blog Joint: Os Políticos domésticos e a revisão constitucional

Cabo-Verde é ainda uma jovem democracia com apenas 18 anos de vivência democrática. Por conseguinte, ainda tem os estigmas do regime anterior, cujas feridas não estão todas cicatrizadas.
É natural que ainda tenhamos da parte dos políticos domésticos comportamentos pouco consentâneos com a democracia. Afinal, os actores que ainda dominam o espaço político em Cabo-Verde são os mesmos que dominaram o espaço no regime anterior. O problema está nos actores, embora a melhoria da democracia não seja linear em relação à mudança de actores.
Existe ainda muita crispação, vingança política, falta de tolerância, e muita baixeza na prática política em Cabo-Verde.
Não obstante, considero que estamos num bom caminho em termos de consolidação da democracia e quero crer que com a nova geração de políticos que está a germinar em Cabo-Verde vamos dar um salto qualitativo significativo.
O País precisa de políticos e Partidos Políticos que sejam capazes de pôr os interesses do País acima de quaisquer interesses particulares e de organizações político-partidárias. As grandes questões nacionais merecem um debate sério e e não sujeitas a meros fins eleitorais. E a revisão constitucional que versava sobre importantes assuntos, quais sejam, a questão do salário minímo, a política fiscal, a questão do crioulo, as questões da justiça entre outros, enquadra-se nas grandes questões nacionais.
Sou daqueles que considera que os políticos domésticos desde de 1975 até aos nossos dias merecem nota altamente positiva. Apesar dos pesares, o País fez um percurso notável de lá para cá, com altos e baixos mas globalmente positivo. E os nossos dirigentes, todos eles, deram um contributo fundamental para que Cabo-verde fosse o que é hoje.
Há tempos escrevi um texto que está publicado neste espaço onde eu versava sobre a valorização da classe política cabo-verdiana. Defendi que um salário digno aos políticos era um dos ítens que servia para tal fim. É evidente que os nossos políticos ganham mal. É também evidente que o sector privado em Cabo-verde está cada vez mais competitivo e atraem os melhores. E para a política sobram os que não tem outra alternativa.
Vivemos num País em que políticos são mal falados e vistos como pessoas que querem enriquecer-se à custa do erário público. A sociedade deve respeitar os seus dirigentes e não meter todos no mesmo saco. Na política como em quaquer outra actividade temos bons e maus actores. Os maus políticos, aqueles que gerem mal a coisa pública devem ser responsabilizados por isso.
Aqueles que se aproveitam do cargo que ocupam para se enriquecerem à custa do erário público devem ser severamente punidos. Os políticos que assim se comportam não devem ter lugar na política em cabo-verde.
A Política é uma actividade nobre e estimulante. Eu adoro a política. O confronto de ideias e projectos, o debate político deve ser das actividades mais fascinantes que existe, quando feito com elevação e com tolerância.

1 comentários:

Anónimo disse...

A começar pelo discurso, a nova geração de políticos, e que nascendo sob as asas desta, não de diferencia muito dos "progenitores".

Confrangedor.