quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A valorização da classe política cabo-verdiana

O objectivo deste texto é discorrer de forma breve sobre aquilo que deve ser feito para a valorização da classe política em Cabo-Verde. Sendo certo que um salário digno é apenas um dos ítens dessa valorização nestas linhas vamos apenas falar sobre o salário auferido pelos Políticos cabo-verdianos.

No sector privado, nas empresas que são geridas de acordo com critérios de gestão empresarial promove-se o mérito e privilegia-se a competência. São organizações viradas para os resultados que procuram a maximização do lucro e por isso promovem a excelência.

Em Cabo-verde o sector privado está a densificar-se a olhos vistos e já praticam salários competitivos. O Jovens qualificados cada vez mais optam pela iniciativa privada e a criam os seus próprios negócios. Isto é, o Estado está a deixar de ser o grande empregador . Este facto até é salutar para a Democracia. Como questionava Milton Friedman “ Pode uma nação verdadeiramente ter liberdade política quando a imprensa escrita pertence ao Estado e os trabalhadores são funcionários do Governo?”

O sector privado está a surgir como o grande concorrente do Estado no recrutamento de quadros.
Se o Estado não criar incentivos com vista á atracção de quadros, se não fôr competitivo neste sentido, não tarda na função pública só vamos ter pessoas que não conseguem encontrar emprego em lado nenhum.

Mas neste particular penso principalmente na classe política, no Presidente da República, no Primeiro Ministro, nos membros do Governo, Deputados e Autarcas, esta classe de dirigentes que lidam com a coisa pública e cujo sucesso no desempenho das suas funçoes está altamente correlacionado com o sucesso das familias, das empresas, dos bancos e da sociedade em geral.

Parece-me evidente que os Políticos ganham mal em Cabo-Verde. Pagar salários mais altos aos Políticos ajuda a valorizar a classe política e contribuir também para a diminuição da corrupção.
Os Partidos Políticos com assento Parlamentar deviam trabalhar no sentido de obter um consenso nesta matéria deixando de lado discursos demagógicos.

Uma questão impõe-se: é aceitável que o Presidente de um Instituto Público tenha um salário três ou quatro vezes superior ao salário do mais alto Magistrado da Nação ou do Primeiro Ministro? Qual deles desempenha cargo de maior responsabilidade?
A este propósito lembro-me , em Portugal , de um Direrctor Geral das Contribuições e Impostos (DGCI), pelos vistos competentíssimo e que fez um trabalho notável á frente da DGCI e que auferia um salário que rondava os 26 mil euros, quando o Primeiro Ministro recebia á volta de 7 mil euros. Esse facto gerou alguma conversa e o salário do tal Director foi substancialmente reduzido, apesar de todos reconhecerem a sua competência e o seu mérito.

Não é minha intenção pôr em causa o salário que cada um aufere. Como economista sei que estudos científicos mostram que as variáveis determinantes do salário são o nível de escolaridade, a habilidade do trabalhador e a experiência. E deve-se estar ciente que a experiência com o tempo torna-se obsoleta. Cada um deve ganhar aquilo que merece ganhar.
A meu ver é preciso bom senso nesta matéria. Não é aceitável que o Presidente da República e o Primeiro Ministro tenham um salário inferioir a 200 mil escudos cabo-verdianos e o mesmo Presidente da República e Chefe de Governo tenham subordinados que auferem um salário de mais de 500 mil escudos cabo-verdianos.

Pode-se sempre invocar o argumento de serviço público, de entrega á causa pública entre outros argumentos. Mas não é todos os dias que alguém está disposto a fazer sacrifícios pessoais e familiares para se disponibilizar ao serviço Público se para tal não tiver incentivos que o justificam.
A meu ver, as melhores cabeças é que devem governar o País. Sem uma governação responsável e competente e sem uma classe dirigente com visão nenhum País vai a lado nenhum.

4 comentários:

Anónimo disse...

Um salario de 26 mil euros por mês em Portugal?

Que eu saiba em toda a Europa nao ha um unico Director Geral com esse salario.

Custa-me pois acreditar pelo que lhe peço para colocar aqui a fonte.

Obrigado!
AL BINDA

Anónimo disse...

26 mil euros de salario por mês de um director geral?

Qual é a fOnte?

Al Binda

Anónimo disse...

Concordo plenamente. Se o Estado de Cabo Verde não repensar o salário praticado na função pública, ela torna-se apenas uma meio de passagem / promocional para o privado. Todos os dias assiste-se a "fuga" de quadros altamento qualificados para o sector privado, visto que tem salários mais atractivos e maiores regalias(falo o caso de susidios de ferias e subsidios de natal e demais regalias). Qq dia citando o autor se não tornar os salários mais competitos competitivos, "só fica na função quem não tem outra solução.

Nélida Brito

Anónimo disse...

O ex-DGCI(director geral de contribuição e impostos) não ganhava ganhava 26 mil euros, mas andava la perto, ganhava cerca de 23 mil euros. Mas há gestores em Portugal, para não falar em Europa que ganham muito mais do que isso.fica aqui as fontes.
http://www.agenciafinanceira.iol.pt/noticia.php?id=760090&div_id=1730

http://dn.sapo.pt/2005/05/10/negocios/gestores_suicos_os_mais_pagos_europa.html