quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Notas sobre o caso Freeport. E se fosse em Cabo-Verde?

Nas últimas semanas nasceu um novo escândalo de corrupção na sociedade portuguesa envolvendo altas figuras do Estado como o ex-Ministro do Ambiente do Governo de António Guterres e agora Primeiro Ministro de Portugal, José Sócrates- o caso Freeport. O escândalo tem a ver com eventuais favorecimentos, recebimentos de luvas por parte dos envolvidos na negociação do projecto.

É um caso por si só delicado, não envolvesse o Chefe do Governo de Portugal, uma das mais altas figuras do Estado. O assunto gerou muita celeuma nos últimos dias com comentadores, jornalistas, analistas políticos a esgrimirem argumentos.
O próprio Primeiro Ministro José Sócrates convocou a imprensa para dizer que se trata de mais uma campanha negra com o intuito de o destruir politicamente.

Não é objectivo destas linhas opinar sobre se alguém recebeu ou não luvas, se houve favorecimentos ou não. O que motivou este texto é a postura dos Partidos da Oposição em Portugal relativamente a este caso. Simplesmente notável e de uma grande responsabilidade e sentido de Estado.
Não se ouviu nem do Partido Social Democrata, nem do Partido Comunista Português, nem do Bloco de Esquerda e nem do Partido Popular nenhum pronunciamento com o simples objectivo de tirar dividendos Políticos e assassinar politicamente José Sócrates. E até já estamos em época de pré-campanha eleitoral. Todos foram unânimes em dizer que se há irregularidades as instâncias competentes deviam investigar e que em tempo oportuno haviam de se pronunciar sobre o assunto em questão.

Foi então que dei comigo a pensar: e se fosse em Cabo-Verde? E veio-me á memória a recente gritaria que se fez em relação ao caso Sociedade Lusa de Negócios e o tratamento de lixo tóxico.
Portugal nem é o melhor exemplo nestas matérias. Mas em relação a este caso em concreto o posicionamento dos Partidos da oposição em Portugal devia servir de exemplo aos políticos cabo-verdianos.

De uma vez por todas é preciso pôr termo a uma determinada forma de fazer política em cabo-verde e dizer que na Democracia cabo-verdiana não há lugar para politiqueiros.
Devemos começar a valorizar os nossos políticos, não fossem eles um dos actores mais importantes no sucesso de qualquer País e Cabo-Verde não foge á regra. Não devemos ter sempre uma atitude de desconfiança e de diabolização da classe política.
Até porque apesar dos pesares, desde 1975 a esta parte os políticos cabo-verdianos merecem nota altamente positiva.

Em Cabo-Verde tudo o que é politico ou á política está relacionada é alvo de desconfiança, de difamação de linchamento público.

A classe política deve dar o exemplo através da elevação do discurso politico e de outra forma de estar na Política. A sociedade deve valorizar os seus dirigentes, respeitá-los e exigir deles mais responsabilidades na condução dos assuntos do Estado.

Cabe aos Jovens e á nova classe de dirigentes Politicos que está a germinar em Cabo-Verde contribuir de forma decisiva para uma nova forma de fazer política e para a consolidação da Democracia.

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